Electronic Arts comprada marca a maior transação já registrada na indústria de games. A editora norte-americana deixará de ser independente após três grupos de investimento — o Public Investment Fund (PIF) da Arábia Saudita, a norte-americana Silver Lake e a Affinity Partners — concordarem em pagar US$ 55 bilhões, ou US$ 210 por ação.
O acordo, anunciado nesta terça-feira (25), representa um prêmio de 25 % sobre o valor dos papéis da empresa em 25 de setembro e reforça a estratégia do governo saudita de diversificar a economia para além do petróleo.
Electronic Arts comprada por fundo saudita por US$55 bi
Quem são os novos donos
O Public Investment Fund, que já possuía 9,9 % da EA, lidera a compra. O PIF vem ampliando sua presença no setor de entretenimento digital desde o início do ano, quando adquiriu a divisão de jogos da Niantic, responsável por grandes sucessos em realidade aumentada. Já a Silver Lake, conhecida por participações em empresas de tecnologia, e a Affinity Partners, criada por Jared Kushner, completam o trio de investidores.
Por que a EA entrou no alvo
A Electronic Arts figura entre as maiores publicadoras de títulos AAA do mundo. Séries como EA SPORTS FC (ex-FIFA), NHL, F1, Battlefield e The Sims geram receitas milionárias a cada lançamento. Para os compradores, o portfólio forte e a base global de jogadores representam uma oportunidade de acelerar o crescimento em mercados emergentes e solidificar ganhos recorrentes via serviços on-line.
Potencial de crescimento
De acordo com comunicado conjunto, o capital fresco deverá financiar novas aquisições de estúdios, ampliar investimentos em eSports e impulsionar a expansão dos serviços de assinatura. Os investidores não detalharam prazos, mas indicaram visão de longo prazo para aumentar a presença da marca em dispositivos móveis e no streaming de jogos.
Desafios do mercado
Apesar do otimismo, a Electronic Arts encara vendas estagnadas desde 2022 — cerca de US$ 7 bilhões anuais. O cenário externo também preocupa: o faturamento global de games avançou só 0,2 % em 2023, chegando a US$ 184,3 bilhões, com metade desse montante vindo de jogos mobile, segmento no qual a EA tem participação limitada.
Além disso, o ritmo lento de vendas do PlayStation 5 e do Xbox Series X|S afeta diretamente os resultados da empresa. Gigantes do varejo, como a Costco, já retiraram consoles das prateleiras, e concorrentes como Ubisoft buscaram aportes estrangeiros, a exemplo do acordo com a chinesa Tencent.
O que muda para os jogadores
Em curto prazo, a rotina de quem acompanha lançamentos da EA deve permanecer a mesma; as equipes de desenvolvimento continuam operando normalmente. No entanto, especialistas acreditam em mudanças graduais no modelo de negócios, com maior ênfase em conteúdos on-line e microtransações, práticas que atraem fluxo de caixa contínuo para os novos acionistas.

Imagem: Internet
Ainda não há informações sobre reestruturações internas, licenças esportivas ou eventuais exclusividades em plataformas específicas. O trio de investidores reiterou que “a criatividade dos estúdios permanecerá intacta”, mas analistas de mercado observam que a cobrança por resultados pode influenciar calendários de lançamentos e preços dos futuros EA SPORTS.
Para quem acompanha o universo dos games, é mais uma indicação do apetite de fundos soberanos e privados em adquirir grandes editoras. Este movimento ecoa o cenário relatado em nosso artigo sobre outras megatransações recentes na indústria de jogos, que ajuda a entender por que o setor virou alvo de investimentos bilionários.
Com a conclusão da operação, prevista para o início de 2024 após aprovação regulatória, as ações da Electronic Arts deixarão de ser negociadas em bolsa. Resta observar se a injeção de capital conseguirá reverter a estagnação nas receitas e fortalecer a posição da publisher em um mercado cada vez mais competitivo.
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Com informações de NextPit