Visão geral do alerta emitido pela Counterpoint
A Counterpoint Research divulgou uma revisão nas suas projeções para o mercado mundial de smartphones em razão de uma crise de DRAM (Dynamic Random-Access Memory). O instituto de análise agora antecipa que, no próximo ano, o total de unidades comercializadas cairá 2,1% em comparação com a expectativa anterior para 2025, o que significa um recuo adicional de 2,6 pontos percentuais frente às previsões que vigoravam antes do estudo atualizado. Dentro desse cenário, a Apple continua seguindo a tendência geral de retração, porém com um potencial de acomodar o impacto de forma mais controlada do que diversas concorrentes.
Quem é afetado e em que proporção
O relatório coloca praticamente todas as grandes fabricantes na rota de um declínio de vendas, mas o tom da queda varia de acordo com o posicionamento de mercado de cada empresa. A Apple, que vinha de uma perspectiva de redução de pouco mais de 1%, passou a ter uma projeção negativa de 2,2%. Apesar do agravamento, a companhia norte-americana permanece em situação relativamente melhor que a de rivais que concentram portfólios em faixas de preço mais acessíveis.
Revisões mais agudas entre as fabricantes chinesas
Entre os nomes que registraram as maiores revisões negativas aparecem vivo, OPPO e HONOR. No caso de vivo e OPPO, o choque é duplo: as duas companhias trabalhavam com projeções de crescimento e, após a mudança, passaram a projetar retração. O corte na expectativa para essas empresas reflete a dependência de componentes de menor custo e a exposição a segmentos onde a margem para manobras é limitada.
Conjunto de fatores por trás da retração de 2,1% no total de smartphones
A Counterpoint atribui a atualização das estimativas a um problema concentrado na cadeia de suprimentos de DRAM, componente essencial para o funcionamento e o desempenho de qualquer dispositivo moderno. A escassez ou o encarecimento da memória dinâmica obriga os fabricantes, sobretudo na gama de entrada, a repensar volumes de produção, composição de portfólio e até as características finais dos aparelhos.
Por que a Apple sofre menos que a média
Duas características explicam a menor vulnerabilidade da Apple, segundo o estudo: escala e foco em produtos premium. Primeiro, a companhia opera volumes elevados nas linhas mais rentáveis, o que gera colchões de margem capazes de absorver oscilações na cadeia de DRAM. Segundo, a Apple mantém um posicionamento quase exclusivo em faixas de preço superiores, onde há maior espaço para ajustar custos sem comprometer a proposta de valor do produto. Esses mesmos fatores também se aplicam, em parte, à Samsung, que aparece no documento como outro exemplo de fabricante com capacidade de gerir a crise de maneira mais flexível.
Fabricantes de baixo custo enfrentam cenários mais rígidos
O relatório destaca que empresas concentradas em aparelhos de entrada ou intermediários se deparam com escolhas duras. A solução predominante, conforme identificado pela Counterpoint, tende a ser a redução do número de modelos no catálogo, a remoção de recursos em versões futuras ou a reutilização de peças já presentes em estoque. Medidas como essas ajudam a conter despesas, mas podem limitar a atratividade dos produtos e criar ciclos de renovação mais longos, contribuindo para a queda de vendas.
Desdobramento do “como” na ótica do portfólio
Em termos práticos, o corte de portfólio significa suspender lançamentos que exigiriam um volume expressivo de DRAM ou alterar especificações planejadas para atender a patamares de custo redesenhados. Para fabricantes que atuam em larga escala, cada variante cancelada ou modificada afeta estimativas de remessa, marketing e suporte pós-venda, reforçando o impacto encadeado da crise sobre toda a operação.
Margem de manobra: diferença entre premium e entrada
Para empresas com presença consolidada em segmentos premium, a DRAM representa parte do custo total, mas é diluída por preços finais mais altos. Esse cenário possibilita absorver variações de custo sem precisar mexer em atributos essenciais. Já no segmento de baixo custo, a relação entre componente e preço final é mais apertada. Qualquer aumento no preço da DRAM pressiona a estrutura de custos a ponto de inviabilizar margens ou forçar cortes visíveis no conjunto de especificações, o que prejudica a competitividade.
Impacto nos planos de crescimento para 2025
Antes da revisão, o mercado esperava um comportamento mais estável, e algumas fabricantes chinesas contavam até com avanços em participação. As novas previsões da Counterpoint, contudo, afastam essa perspectiva de expansão, substituindo-a por cenários de queda. A diferença de 2,6 pontos percentuais entre a projeção antiga e a atual reforça a incerteza para o ano e exige revisões internas de produção, logística e comercialização em toda a indústria.

Imagem: Internet
O papel da escala no enfrentamento de crises de suprimento
O estudo ressalta a relevância da escala global em momentos de stress da cadeia de componentes. Companhias que distribuem centenas de milhões de unidades anualmente podem negociar contratos de fornecimento em condições mais favoráveis, redirecionar inventário entre linhas de produtos e até absorver custos temporariamente em troca de preservar cronogramas de lançamento. Essas vantagens explicam por que Apple e Samsung apresentam projeções de retração menos dramáticas que as concorrentes focadas em preços agressivos.
Reaproveitamento de peças como estratégia emergencial
Entre as medidas levantadas pelo relatório para lidar com a crise, o reaproveitamento de peças se mostra uma saída de curto prazo. Na prática, isso envolve realocar componentes de aparelhos que foram descontinuados ou utilizar módulos de memória presentes em modelos anteriores. A abordagem reduz a pressão sobre a compra de DRAM em um momento de escassez, mas pode impactar a percepção do consumidor sobre caráter inovador dos lançamentos.
Visibilidade limitada e necessidade de monitoramento contínuo
A revisão da Counterpoint, que eleva a queda prevista para o mercado total e reposiciona a Apple com um recuo de 2,2%, evidencia a volatilidade das condições de fornecimento. Ainda que o estudo se concentre no efeito direto sobre as vendas de smartphones, ele sugere que a evolução da crise de DRAM continuará sendo um fator crítico de acompanhamento para todas as empresas do setor.
Resumo numérico das principais variações
• Mercado global: queda agora estimada em 2,1%, 2,6 pontos acima da previsão anterior.
• Apple: retração revisada de pouco mais de 1% para 2,2%.
• vivo, OPPO e HONOR: revisões negativas mais acentuadas; vivo e OPPO tinham inclusive expectativas de crescimento antes da mudança.
Consequências imediatas para planejamento e lançamento de produtos
Em termos de cronograma, a necessidade de rever portfólios pode resultar em intervalos maiores entre gerações de dispositivos, menos variantes regionais e uma ênfase maior em controle de estoque. A pressão por redução de custos também pode influenciar decisões sobre recursos de software, acabamento e acessórios incluídos na caixa dos aparelhos, conforme cada fabricante busca equilibrar oferta, preço e margem.
Considerações finais sobre a posição da Apple
Apesar de registrar uma mudança na projeção, a Apple conserva posição relativamente privilegiada. Sua concentração em modelos de ticket médio alto e a amplitude de serviços complementares fornecem alternativas para sustentar margens mesmo com a retração de 2,2% apontada pela Counterpoint. O relatório conclui que, diante da crise de DRAM, empresas com portfólios premium e forte musculatura financeira têm maior probabilidade de atravessar o período de instabilidade com danos limitados.

Paulistano apaixonado por tecnologia e videojogos desde criança.
Transformei essa paixão em análises críticas e narrativas envolventes que exploram cada universo virtual.
No blog CELULAR NA MÃO, partilho críticas, guias e curiosidades, celebrando a comunidade gamer e tudo o que torna o mundo dos jogos e tecnologia tão fascinante.

